Com o início da colheita da safra de milho 2025/2026 em estados como Mato Grosso, Paraná, Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, as estradas do Brasil mudam de ritmo. A movimentação intensa de caminhões, o aumento das cargas e os prazos apertados viram rotina para milhares de motoristas. Para quem trabalha no transporte de grãos, o período é de oportunidades — mas também de muitos riscos. Se o caminhoneiro não se preparar, pode perder dinheiro, saúde e até o caminhão.
A colheita deste ano promete movimentar mais de 86 milhões de toneladas, segundo a Conab. É milho que não acaba mais. E todo esse volume precisa ser levado dos campos para armazéns, cooperativas, indústrias e portos. Resultado: estradas congestionadas, pátios lotados e muita pressão.
Quem roda pelas principais rotas — como a BR-163, BR-364, BR-153 e BR-262 — já sente o aumento no fluxo. O problema é que muita demanda nem sempre significa lucro garantido. Com o diesel em alta, pneus caros e manutenção nas alturas, o frete precisa ser bem calculado. Caminhoneiro que aceita qualquer carga, sem avaliar custo por quilômetro, pode acabar no prejuízo mesmo com caminhão cheio.
Outro desafio são as filas nos pontos de carga e descarga. Há relatos de motoristas esperando mais de 10 horas em silos. Isso significa menos tempo para descansar, se alimentar e dormir. O corpo sente. A mente também. Muitos acidentes acontecem por fadiga, principalmente nessa época. E rodar cansado é um risco para todos.
Além disso, tem a questão das condições das estradas. Muitas regiões produtoras têm trechos sem pavimentação, com buracos, poeira e lama. Cargas mal distribuídas ou excesso de peso aumentam o desgaste do caminhão e o perigo de tombamentos. O ideal é sempre verificar suspensão, freios e calibragem antes de pegar essas rotas. Quem negligencia a manutenção pode ficar pelo caminho.
Ainda assim, para quem se planeja, o período pode ser muito positivo. Empresas estão contratando agregados e há bons fretes disponíveis — especialmente para quem tem veículo rastreado, nota fiscal eletrônica e documentação em dia. Transportadoras, cooperativas e cerealistas valorizam motoristas organizados, que entregam no prazo e com segurança.
Dicas práticas ajudam a encarar o período:
- Planeje rotas com paradas seguras e estrutura mínima
- Evite aceitar frete sem conhecer o destino e as condições da estrada
- Não sobrecarregue o caminhão — nem o corpo
- Use aplicativos para acompanhar filas e valores de frete atualizados
- Negocie vale-pedágio e confira o pagamento do piso mínimo
O caminhoneiro que trata a profissão com visão de negócio consegue crescer mesmo nos períodos mais intensos. A safra é uma oportunidade — mas só rende frutos pra quem trabalha com consciência, planejamento e respeito pelos próprios limites.